"Nem tempo.. nem lugar.. nem a sorte.. nem a morte podem dobrar os mais insignificantes dos meus desejos, o mínimo que seja."

domingo, 26 de setembro de 2010

Exceções...



"...Eu adivinho coisas que não têm nome e que talvez nunca terão. É. Eu sinto o que me será sempre inacessível. É. Mas eu sei tudo. Tudo o que sei sem propriamente saber não tem sinônimo no mundo da fala mas me enriquece e me justifica. Embora a palavra, eu a perdi, porque tentei falá-la. E saber-tudo-sem saber é um perpétuo esquecimento que vem e vai como as ondas do mar que avançam e recuam na areia da praia. Civilizar minha vida é expulsar-me de mim. Civilizar minha existência a mais profunda seria tentar expulsar a minha natureza e a supernatureza. Tudo isso no entanto não fala de meu possível significado.

O que me mata é o cotidiano. Eu queria só exceções.

Estou perdida: eu não tenho hábitos..."



Clarice Lispector

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Me fale sua opinião...